Dois princípios ancestrais |
Habita-nos, de acordo com Nietzsche, dois princípios fundamentais: o dionisíaco e o apolíneo.
O princípio dionisíaco é o da não dualidade, o que aponta para a nossa natureza não dual, é o princípio do êxtase e da música. Da emoção e da paixão.
O princípio apolíneo é o da individuação, o da afirmação de nossa autonomia, é o princípio da forma e da escultura. Da razão e da clareza.
Estes princípios habitaram a humanidade - em harmonia - por milhões de anos, desde a origem da espécie até os tempos homéricos - fato atestado pelas Tragédias Gregas e pela filosofia dos pré-socráticos.
Sócrates – o senhor da razão – simbolizou, para Nietzsche, a quebra desta harmonia.
Apolo tentou subjugar Dionísio, e os princípios, antes harmoniosos, agora vivem em uma guerra interminável.
Guerra que nos tem hoje como palco.
Muitos acreditam que Nietzsche é um filósofo dionisíaco. Mas, ele não é.
Nietzsche, simplesmente, apontou para a convivência harmoniosa desses princípios nos povos helênicos, pré-socráticos, onde a vida era corajosamente afirmada, mesmo diante da inevitável tragédia da existência.
Super-homem, nesta perspectiva, nada mais é do que aquele que consegue restabelecer, em si mesmo, a harmonia entre esses dois princípios ancestrais.
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