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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rumo a Londres...


Nos anos 60, chique era ter um filho trabalhando no Banco do Brasil.

Pedrinho é funcionário do Banco do Brasil... – dizia o pai, com a voz toda empolada e cheio de orgulho.

Nos anos 70, com o advento do “milagre brasileiro”, em plena ditadura militar, o top da hora, era ser engenheiro – pois vivíamos o tempo das obras faraônicas: a Transamazônica (que ligava o nada a lugar nenhum), Itaipu, a maior usina hidrelétrica do planeta, a ponte Rio-Niterói etc.

Independentemente dessas mudanças históricas, ser médico, sempre representou um alto nível de status profissional.

Vieram os anos 80, as crises econômicas, a hiperinflação, o fim da ditadura. 
A Nova República: o Estado precisava de dinheiro e a via era a tributação: esta foi a década de ouro das Carreiras de Estado ligadas ao Poder Executivo: ser fiscal de rendas era ser bem sucedido.

Os anos 90, baseados principalmente na Nova Constituição (de 1988) que (re)valorizou as carreiras jurídicas, alçaram-nas ao topo: promotores de justiça e juízes de direito encarnaram o arquétipo da realização profissional.

O século XXI trouxe novos e diversos aspectos a ser considerado nesta selva de pedra de afirmação profissional:

A muito bem vinda política de inclusão dos últimos dez anos, implantada pelo Estado brasileiro, no campo da formação profissional, praticamente acabou com o processo seletivo para o nível superior. O efeito colateral disto: o nosso país está enxameado de péssimas faculdades, habitadas por hordas de analfabetos e analfabetos funcionais.

Títulos – pelo motivo exposto no parágrafo anterior – pouco valem. 
O que vale hoje é o saber. Saber que não é devidamente valorizado pela maioria das escolas. As públicas e as privadas, por  motivos diversos. Nas privadas, valoriza-se pura e simplesmente o Marketing; nas públicas: subsiste a pasmaceira sem fim.

Diante deste quadro, estamos criando um exército de frustrados. Neste ponto, até que parecemos com Londres.

Rildo Oliveira, agosto de 2011.

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