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Quem nos perguntou, quem nos pediu licença para organizar esse
melancólico espetáculo, que transcorre em meio-silêncio e meia-luz?
Que circo, que teatro é esse, causando desorientação nossa,
falta de idealismo nos jovens,
e que devia ser escondido das crianças como pornografia?
(Lya Luft in O inverno do nosso dealento)
É difícil esquivar-me de um sentimento de melancolia diante de fatos tão crus quanto o do assassinato da balconista Nadian, 29 anos - vítima em um assalto à farmácia onde trabalhava, ocorrido neste mês de julho de 2011 em Maceió.
Na minha memória, mora um mundo
menos bárbaro.
Mas vamos direto ao ponto: qual deveria ser o tema principal, a ordem do dia, a questão focal de todas as "rodas" de pessoas minimamente esclarecidas?
Não há dúvida:
a violência urbana que não pára de crescer.
Infelizmente, não o é.
Os temas das "rodas" são: as barulhentas baladas embaladas por intérpretes desafinados de vozes desagradáveis, grunhindo "músicas" com letras gratuitamente pornográficas, esteticamente fedorentas; ou então, os novos tipos de
tinturas para cabelos criados pelo mais aclamado "gênio da cosmética" - leia-se, "gênio da futilidade"; ou, ainda, as novas intrigas do casal gay da novela das oito e as engenhosas traições do casal hetero da novela da meia-noite.
Parece que ninguém percebe o quão grave é a crise e qual é o seu núcleo.
O núcleo da crise em que vivemos é uma falha no desenvolvimento cognitivo-emocional coletivo.
Coletivamente, não somos adultos, somos
adolescentes perdidos, adoradores de ídolos, encantados pelo poder, detentores de armas de fogo e dependentes químicos.
Coletivamente somos uma bomba atômica de vários estágios.
Nadian, desta vez, foi a vítima. E outras e mais outras virão.
A questão é o que fazer?
O problema é complexo, entretanto, no que se refere ao que tratamos neste
post, pertine uma sugestão em relação a como encetar um desenvolvimento cognitivo-emocional coletivo, rumo à sanidade.
Sugiro que se fomente uma cultura de
prioridades em oposição a uma cultura de
frivolidades.
É necessário a criação de um CNM - Conselho Nacional de Mídia - composto por notáveis, que oriente o que se publica.
Isso não é censura, nem ditadura.
Censurados já estamos, no nosso legítimo direito de ir e vir.
E a ditadura, que nos sufoca, é a do dinheiro e do consumo a todo custo.